Sistema Linfático


INTRODUÇÃO
O sistema linfático é um conjunto de células e órgãos linfoides responsáveis por defender o organismo de moléculas estranhas, como microrganismos e toxinas.
Esses sistema é formado pelos órgãos linfoides primários (medula óssea e timo), responsáveis pela produção e maturação das células linfáticas, e pelos órgãos linfoides secundários, responsáveis pela efetivação das respostas imunológicas.
Os linfócitos constituem o principal tipo celular do tecido linfático, e são divididos em linfócitos B, responsáveis pela imunidade humoral, e por linfócitos T, responsáveis pela imunidade celular.
Além disso, o tecido linfático pode ser organizado de duas maneiras: tecido linfático difuso e tecido linfático nodular. O tecido linfático difuso é formado por linfócitos e outras células livres presentes na lâmina própria de diversos órgãos. Já o tecido linfático nodular consiste em aglomerados de linfócitos organizados em forma de nódulos, sendo denominado folículo linfoide.

Do ponto de vista histológico, os nódulos infáticos apresentam uma área central de coloração mais clara, conhecida como centro germinativo, e uma região periférica de tonalidade mais escura, denominada zona do manto ou coroa.
FONTE: JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2023.
TIMO
O timo é um órgão linfoide primário, bilobulado, localizado na região do mediastino superior, anteriormente ao coração, sendo responsável pela maturação dos linfócitos T. Na puberdade, quando a diferenciação e proliferação de células T reduz, esse órgão sofre involução, sendo o tecido linfático substituído por tecido adiposo.
Histologicamente, o timo é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso que emite trabéculas para o interior do órgão. Essas trabéculas são responsáveis por dividir o parênquima do timo em lóbulos, denominados lóbulos tímicos.
Uma característica importante é que o timo não possui nódulos linfáticos. Sua organização baseia-se em lóbulos contendo uma zona cortical periférica e uma zona medular.
FONTE: ROSS, 2016.

Cada lóbulo é formado por duas regiões distintas: o córtex, que apresenta uma coloração mais escura, e a medula, que se destaca por uma tonalidade mais clara. Essa diferença de cor ocorre devido à alta concentração de linfócitos T imaturos na região cortical e à predominância de linfócitos T maiores, com núcleos claros e mais citoplasma, na região medular.
A medula do timo se diferencia pela presença dos corpúsculos de Hassall, também chamados de corpúsculos tímicos. Essas estruturas consistem em agregados de células epiteliais reticulares do tipo VI, organizadas de forma concêntrica. Os corpúsculos estão envolvidos na produção de interleucinas e desempenham um papel importante na proliferação e maturação dos linfócitos.
Além da grande quantidade de linfócitos, o parênquima do órgão também abriga macrófagos, fibroblastos, células dendríticas e células reticulares epiteliais (CRE). Essas últimas atuam como células de sustentação, possuindo prolongamentos que formam uma rede onde se alojam as células T. As CRE estão distribuídas tanto na região cortical quanto na medular do timo, apresentando subdivisões específicas em cada uma dessas áreas.

FONTE: JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2023.
A imagem apresentada mostra, em A, uma porção de um lóbulo tímico, evidenciando a zona cortical, caracterizada pela alta densidade de linfócitos, e a zona medular, onde se identifica a presença de um corpúsculo de Hassall (indicado pela seta). Já em B, observa-se, com maior ampliação, um corte da zona medular, destacando-se as células reticulares epiteliais (indicadas pela seta) e o corpúsculo de Hassall (destacado pelo círculo).
BARREIRA HEMATOTÍMICA

A barreira hematotímica é um obstáculo, presente na zona cortical do lóbulo tímico, responsável por proteger os linfócitos T imaturos em desenvolvimento contra a exposição a antígenos presentes na circulação sanguínea.
Os componentes que formam a barreira hematotímica são: o endotélio capilar, os macrófagos presentes no tecido conjuntivo perivascular e as células epiteliais do tipo I, contendo zônulas de oclusão.
FONTE: ROSS, 2016.
LINFONODO
Os linfonodos são órgãos linfoides secundários encapsulados, situados ao longo dos vasos linfáticos, com a função primordial de filtrar a linfa.
Eles são envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, e seu parênquima está organizado em duas regiões principais: o córtex e a medula. O córtex, subdividido em córtex superficial e córtex profundo, tem os linfócitos como principais células constituintes. Já a medula é formada por cordões medulares compostos por tecido linfático, separados por seios medulares.
A porção superficial do córtex, denominada córtex nodular, apresenta linfócitos dispostos em forma de nódulos. Por outro lado, a região mais interna, chamada córtex profundo ou paracortical, não possui nódulos linfáticos. Essa região contém tecido linfático difuso e abriga predominantemente linfócitos T, sendo considerada uma área dependente do timo. Além disso, o córtex paracortical contém as vênulas de endotélio alto (HEV), revestidas por um epitélio de forma cúbica ou colunar, que facilita a migração de linfócitos do sangue para o parênquima do linfonodo.
A região medular consiste em cordões medulares, compostos por linfócitos (principalmente linfócitos B), macrófagos, células dendríticas e plasmócitos. Esses cordões estão separados pelos seios medulares, que drenam a linfa para os vasos linfáticos eferentes.
Além dos seios medulares, presentes na medula, o linfonodo possui o seio subcapsular,logo abaixo da cápsula, e o seio trabecular, que se estende através do córtex ao longo das trabéculas de tecido conjuntivo emitidas pela cápsula, chegando aos seios medulares. Essa rede de canais linfáticos permite a circulação da linfa para dentro do córtex do linfonodo, possibilitando sua ação imunitária.

FONTE: ROSS, 2016.

Na imagem ao lado, observamos o córtex superficial (CS), contendo os nódulos linfáticos (NL), o córtex profundo (CP), a cápsula (Caps) de tecido conjuntivo denso, emitindo trabéculas (T), que penetram o órgão, acompanhadas dos seios trabeculares, e a região medular (M), contendo os seios medulares (SM) e os cordões medulares (CM).
FONTE: ROSS, 2016.
BAÇO
O baço é um órgão linfoide secundário com a função de filtrar o sangue e desencadear respostas imunológicas contra antígenos presentes na circulação.
Esse órgão é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso, da qual partem trabéculas que penetram no seu interior. O parênquima do baço, conhecido como polpa esplênica, é dividido em duas porções: a polpa branca e a polpa vermelha.
A polpa branca é constituída por agregados cilíndricos de tecido linfoide, formando a bainha linfática periarterial (PALS), que envolve as artérias centrais. Essa bainha é predominantemente composta por linfócitos T, além de apresentar folículos linfoides associados a essas artérias. Cada folículo linfoide pode conter uma ou mais artérias centrais.
A polpa vermelha, que constitui a maior parte do parênquima esplênico, é composta por seios esplênicos, rodeados por cordões esplênicos (ou cordões de Billroth). Nessa região, há uma grande concentração de eritrócitos, macrófagos e linfócitos, desempenhando um papel fundamental na filtragem de células sanguíneas envelhecidas e no reaproveitamento de ferro.
FONTE: ROSS, 2016.

TECIDO LINFÁTICO ASSOCIADO ÀS MUCOSAS
Aglomerados de tecido linfoide localizados nas paredes dos órgãos dos variados sistemas do corpo são denominados MALT. Em alguns locais, esse acúmulo de tecido linfoide na mucosa dos órgãos recebem denominações específicas, como o tecido linfoide associado à mucosa do tubo digestório (GALT), aos brônquios (BALT) e à pele (SALT).
Tanto os nódulos linfáticos, quanto o tecido linfático difuso, são geralmente encontrados em estruturas associadas ao tubo gastrintestinal, como as tonsilas, o íleo (placas de Peyer) e o apêndice vermiforme.
TONSILAS
As tonsilas são órgãos linfoides formados por aglomerados de tecido linfático, situados abaixo do epitélio de revestimento da orofaringe. De acordo com sua localização, as tonsilas recebem diferentes denominações:
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Tonsila Palatina: Conhecidas popularmente como amígdalas, são pares e localizam-se em ambos os lados da orofaringe. Nessa tonsila, o tecido linfoide nodular e difuso encontra-se abaixo do epitélio estratificado pavimentoso. Uma característica distintiva da tonsila palatina é a presença de invaginações do epitélio, conhecidas como criptas tonsilares.
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Tonsila Faríngea: Está localizada na parte superior e posterior da faringe (teto da faringe) e é composta por tecido linfático nodular e difuso, situado abaixo do epitélio de revestimento respiratório. Diferentemente da tonsila palatina, a tonsila faríngea não apresenta criptas.
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Tonsila Lingual: Consiste em múltiplos agregados de tecido linfoide localizados na base da língua. Essas estruturas estão revestidas por epitélio estratificado pavimentoso, semelhante ao da tonsila palatina, mas sem a presença de criptas profundas.

FONTE: ROSS, 2016.
Na imagem acima, observamos um corte de uma tonsila palatina, caracterizada pelas criptas da tonsila, formadas por invaginação do epitélio estratificado pavimentoso que reveste o órgão.
PLACAS DE PEYER

As placas de Peyer são agrupamentos de tecido linfoide, tanto nodular quanto difuso, organizados em forma de anéis e localizados na porção distal do intestino delgado, especificamente no íleo.
Na imagem microscópica, é possível identificar os nódulos linfáticos (delimitados pela linha tracejada) situados na submucosa do íleo, caracterizando as placas de Peyer. Essas estruturas desempenham um papel essencial na resposta imunológica do trato gastrointestinal, atuando na vigilância contra antígenos presentes no lúmen intestinal.
FONTE: ROSS, 2016.
APÊNDICE VERMIFORME
O apêndice vermiforme é uma estrutura em fundo cego, originada no cedo, que contém numerosos linfócitos em sua lâmina própria e nódulos linfáticos localizados na submucosa.
Na imagem abaixo, observa-se um corte transversal do apêndice, com folículos linfáticos (FL) em sua parede. O asterisco (*) indica o lúmen do órgão.

FONTE: JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2023.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
JUNQUEIRA, Luiz Carlos U.; CARNEIRO, José. Histologia Básica: Texto e Atlas . Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2023. E-book. ISBN 9788527739283. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527739283/. Acesso em: 16 jan. 2024.
PAWLINA, Wojciech. Ross Histologia - Texto e Atlas . Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9788527737241. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737241/. Acesso em: 16 jan. 2024.